sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Brasil tem exemplos de empresa ecossocial

17/10/2008
Relatório que defende estímulo a empreendimentos baseados em recursos naturais destaca casos que beneficiam os mais pobres
Dois empreendimentos desenvolvidos no Brasil, um na Amazônia e outro no Nordeste, foram considerados exemplos de uso de recursos naturais que melhora a vida dos pobres. Um relatório feito pelo PNUD, Banco Mundial, PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e Instituto de Recursos Mundiais destacou os dois projetos por aliarem conservação ambiental e geração de renda.
O estudo, intitulado Roots of Resilience — Growing the Wealth of the Poor (Raízes da resistência – Aumentando a prosperidade dos pobres), defende que “empresas adequadamente estruturadas podem dar uma força econômica, social e ambiental que amorteça os impactos das mudanças climáticas e ajudam a dar a necessária estabilidade social”.
O agravamento das mudanças climáticas, com efeito especialmente nefasto entre os pobres, torna essencial o desenvolvimento de empreendimentos que lidam com recursos naturais em áreas rurais — as quais abrigam 75% das pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza (US$ 2 ao dia). “A deterioração das tendências ambientais e a estreita conexão entre pobreza e meio ambiente demonstram a necessidade de impulsionar a renda dos pobres de uma maneira que ajude a deter, e não a exacerbar, os danos ambientais. Duas décadas de experiência mostram que comunidades que se baseiam na gestão de recursos naturais (nas mãos adequadas e com o suporte apropriado) têm potencial de cumprir essa meta”, afirma o relatório.
Um dos exemplos citados nesse sentido é a AmazonLife, produtora de uma espécie de couro vegetal à base de látex natural, usado na confecção de itens como bolsas, malas, pastas e chapéus. Os produtores das peças são co-proprietários da patente do produto. “Em 2006, cerca de 200 famílias forneciam borracha para o tecido, e a AmazonLife vendia 40 mil folhas de borracha laminada por ano, a um preço dez vezes superior ao que os produtores locais recebiam antes”, afirma o relatório.
Outro caso brasileiro citado no estudo é a Valexport, uma associação que auxilia os agricultores da região entre Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) a manter sua produção de melões em alto nível, assim como os preços para exportação. A criação da associação foi uma reação a um processo ocorrido na década de 80 — quando o cultivo de melões atraiu agricultores sem experiência, o que diminuiu a qualidade do produto. A estruturação da Valexport foi uma iniciativa dos próprios produtores e fez com que a qualidade da produção e as vendas crescessem novamente.
O relatório avalia que há três elementos fundamentais para que o ecossistema possa beneficiar os pobres: estes devem ter controle de fato dos recursos naturais, deve haver desenvolvimento de capacidades (de maneira que as comunidades sejam capazes de administrar os ecossistemas com competência, conduzir o empreendimento baseado em recursos naturais e distribuir os lucros de maneira justa) e estabelecimento de redes entre empresas do setor (para que possam adaptar-se, aprender e ter acesso a mercados).



Fonte: PNUD Brasil.

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