20/4/2009
Prof. Dr. Valmiqui Costa LimaProf. Dr. Marcelo Ricardo de LimaDepartamento de Solos e Engenharia Agrícola Universidade Federal do Paraná
O cidadão comum, as crianças, escolares ou não, os professores do ensino fundamental e médio, e mesmo os profissionais de uma maneira geral, médicos, advogados, dentistas e sociólogos pouco conhecem sobre os solos.
Com exceção daqueles ligados diretamente ao seu uso e estudo, agricultores, professores e estudantes de ciências agrárias, o solo representa fundamentalmente o meio para cultivo de plantas.
Desconhece-se como os solos se originam, suas propriedades e os diferentes tipos que podem ocorrer. Assim como existem diferentes tipos de pessoas, carros, casas, insetos, e rochas, também existem diferentes tipos de solos.
Os solos são diferentes e cada um tem suas próprias características e propriedades. Alguns são rasos, outros são profundos. Alguns são arenosos, outros argilosos. As cores variam bastante: solos vermelhos, amarelos, marrons, pretos, etc. Alguns são excelentes para utilização agrícola, enquanto que outros devem ser destinados à preservação da fauna e da flora.
Poucos sabem que existem mapas que mostram a distribuição dos diferentes solos que ocorrem nos estados da federação. O Paraná tem um mapa de solos? Sim. E o Brasil também? Claro que sim..
Poucos sabem que os solos podem ser classificados e a eles são dados nomes. Neossolos, Latossolos, Argissolos são alguns nomes que os cientistas dão aos solos. À primeira vista parecem nomes complicados. Nem tanto. Qual o significado de Neossolo? Neo vem do grego e significa novo. Os Neossolos seriam portanto solos novos, ou, seja, em estágio inicial de desenvolvimento e geralmente rasos. Ora, se na escola aprendemos as quatro operações, regras gramaticais, os componentes de uma célula, também devemos aprender os nomes dos solos, como se formam, sua constituição básica, suas propriedades e suas funções.
A idéia geral é que o destino do solo é ser utilizado para a agricultura. Será que é verdade ? Será que os solos não possuem outras funções na natureza ? Os solos também são importantes em ambientes urbanos? Por quê ?
O solos exerce as mais diferentes funções, além daquela de ser suporte para atividades agrícolas. Quais são?
Poucos sabem que o solo é um bem não renovável? A maioria desconhece que a formação do solo leva milhares de anos. Apenas uma minoria tem consciência que os solos podem ser degradados num piscar de olhos. Somente alguns percebem que há necessidade de se proteger o solo.
Poucos sabem que antigas civilizações quase desapareceram em virtude da degradação dos seus solos.
Conhecer o solo, suas múltiplas funções, a necessidade de sua proteção e de seu estudo é fundamental para a sobrevivência humana. Se estamos vivos é porque existe solo. Não podemos comer solo, porém indiretamente o fazemos, pois nos alimentamos de organismos que crescem e se reproduzem às custas dele.
Todos os seres vivos precisam para sua sobrevivência de alimentos. Os alimentos nos proporcionam elementos essenciais: potássio, nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio, ferro, enxofre são alguns dos elementos fundamentais aos organismos vegetais e animais. Nós, seres humanos, precisamos desses elementos. Pergunta-se: de onde provém esses elementos? Dos alimentos. E de onde os principais alimentos retiram esses elementos? A resposta correta seria do solo. O solo é, portanto, essencial para manutenção da espécie humana. E ele não é indestrutível ! Pelo contrário. O solo demora para nascer, não se reproduz e morre facilmente !
O solo é importantes nas cidades ? Por quê ? Ora, compramos nossos alimentos em supermercados e mercearias, fazemos refeições em restaurantes e lanchonetes. Outras pessoas cultivam o solo e nos fornecem alimentos produzidos nele. Então, porque nós, do ambiente citadino, precisamos do solo? Para ter um jardim ? Para construirmos nossas casas em cima dele? Para termos arborização urbana ? Para não termos enchentes ?O solo não grita, não pede socorro. Sentimos o calvário das enchentes, lastimamos a falta de florestas para abrigar animais, insetos, cobras, lagartos, aves e para nos dar ar puro. Praguejamos contra o excessivo calor nas cidades. Essa é a forma do solo protestar. Muitas vezes já está praticamente morto. O que fazer ? Como reconhecer ?
Existe algum ramo da ciência que se ocupa especificamente do estudar o solo? Sim, também os solos tem seus especialistas. O ramo da ciência que mais direta e freqüentemente estuda os solos denomina-se de Pedologia. O objetivo dessa ciência é o de estudar os solos através caracterização de suas propriedades, seu enquadramento em um sistema de classificação (técnica ou taxonômica), e o seu cadastramento através a confecção de mapas, os quais mostram a distribuição e os limites das várias classes existentes em uma determinada região. Acompanhando o mapa, existe um relatório que contém caracterização morfológica, física e química das unidades de mapeamento além de informações resumidas e generalizadas sob o aspecto agrícola.
Porque estudar o solo ? Uma pequena reminiscência talvez nos ajude a encontrar resposta para essa pergunta. Em épocas passadas o homem passou de mero caçador e extrativista a praticar a agricultura. Porque ocorreu essa mudança ? As hipóteses são inúmeras. Pela distância? Pela escassez em determinadas épocas ? A partir daí passamos a cultivar o solo e as plantas. Nesse momento, inicia-se também uma brutal agressão à natureza. Como? Simplesmente pelo fato de substituirmos a vegetação natural por outras plantas. E o que mais ? Visto que o solo não foi feito para ser cultivado, remexido, arado, é evidente que toda ação do homem altera o equilíbrio conseguido por milhares ou mesmo milhões de anos. Um exemplo simples. Uma área de floresta natural substituída por uma plantação de milho. Na condição natural, as árvores protegem o solo contra insolação e o impacto direto da chuva, e suas raízes fixavam-se impedindo sua erosão. Agora, com a plantação de milho, isso não ocorre, ficando sujeito a toda espécie de mudanças. A medida que o tempo passou, percebeu-se que determinadas maneiras de fazer agricultura prejudicavam menos o solo. Notou-se, ainda, que as boas colheitas, eram diminuídas. Passou-se então a se interessar pelos métodos e formas menos desastrosas de trabalhar o solo, e que propiciavam manutenção ou mesmo aumento das produções de alimentos. O aprendizado, ainda hoje, com toda a tecnologia e conhecimento ainda está no começo. À medida que a população aumentava sentiu-se a necessidade crescente de produzir mais e melhor. O desconhecimento e principalmente, a ganância, foram os motores propulsores da grande degradação dos nossos solos e florestas. Os solos dependem das florestas e estas dependem dos solos. Com os solos depauperados as florestas não se instalam e, pela retirada dessas, o solo se degrada.
Porque estudar o solo? Porque é um recurso fundamental pela influência que exerce nos ambientes e nas sociedades. É a fonte primordial para obtenção de alimentos. É o principal componente do ecossistema terrestre.
A natureza precisa ser respeitada. A vegetação, os animais precisam ser respeitados. Juntamente com o ar e a água, o solo também tem que ser respeitado para que sobrevivamos.
Pergunta-se, se o solo é tão importante, porque a maior parte das pessoas não o consideram como tal ? Porque continua a ser degradado? A resposta é porque para o homem moderno, o solo ainda é um grande desconhecido. Não sabe que é preciso estudá-lo para melhor conhece-lo e para melhor utilizá-lo, de forma a minimizar a sua deterioração. A maior parte das pessoas que utiliza o solo não sabe o que é o solo, e nem procuram saber os conhecimentos que precisam ser adquiridos sobre ele antes de começar a usa-lo. Infelizmente, o solo não faz parte do patrimônio cultural do homem moderno, pela simples razão que o conhecimento do solo nunca lhe foi ensinado corretamente desde sua infância, ao contrário do que se faz com as rochas, as plantas e os animais, o ar e a água. O seu estudo deveria ser iniciado na escola primária onde aprenderíamos ama-lo, respeitá-lo e protege-lo.
Fonte: Valmiqui Costa Lima.
Prof. Dr. Valmiqui Costa LimaProf. Dr. Marcelo Ricardo de LimaDepartamento de Solos e Engenharia Agrícola Universidade Federal do Paraná
O cidadão comum, as crianças, escolares ou não, os professores do ensino fundamental e médio, e mesmo os profissionais de uma maneira geral, médicos, advogados, dentistas e sociólogos pouco conhecem sobre os solos.
Com exceção daqueles ligados diretamente ao seu uso e estudo, agricultores, professores e estudantes de ciências agrárias, o solo representa fundamentalmente o meio para cultivo de plantas.
Desconhece-se como os solos se originam, suas propriedades e os diferentes tipos que podem ocorrer. Assim como existem diferentes tipos de pessoas, carros, casas, insetos, e rochas, também existem diferentes tipos de solos.
Os solos são diferentes e cada um tem suas próprias características e propriedades. Alguns são rasos, outros são profundos. Alguns são arenosos, outros argilosos. As cores variam bastante: solos vermelhos, amarelos, marrons, pretos, etc. Alguns são excelentes para utilização agrícola, enquanto que outros devem ser destinados à preservação da fauna e da flora.
Poucos sabem que existem mapas que mostram a distribuição dos diferentes solos que ocorrem nos estados da federação. O Paraná tem um mapa de solos? Sim. E o Brasil também? Claro que sim..
Poucos sabem que os solos podem ser classificados e a eles são dados nomes. Neossolos, Latossolos, Argissolos são alguns nomes que os cientistas dão aos solos. À primeira vista parecem nomes complicados. Nem tanto. Qual o significado de Neossolo? Neo vem do grego e significa novo. Os Neossolos seriam portanto solos novos, ou, seja, em estágio inicial de desenvolvimento e geralmente rasos. Ora, se na escola aprendemos as quatro operações, regras gramaticais, os componentes de uma célula, também devemos aprender os nomes dos solos, como se formam, sua constituição básica, suas propriedades e suas funções.
A idéia geral é que o destino do solo é ser utilizado para a agricultura. Será que é verdade ? Será que os solos não possuem outras funções na natureza ? Os solos também são importantes em ambientes urbanos? Por quê ?
O solos exerce as mais diferentes funções, além daquela de ser suporte para atividades agrícolas. Quais são?
Poucos sabem que o solo é um bem não renovável? A maioria desconhece que a formação do solo leva milhares de anos. Apenas uma minoria tem consciência que os solos podem ser degradados num piscar de olhos. Somente alguns percebem que há necessidade de se proteger o solo.
Poucos sabem que antigas civilizações quase desapareceram em virtude da degradação dos seus solos.
Conhecer o solo, suas múltiplas funções, a necessidade de sua proteção e de seu estudo é fundamental para a sobrevivência humana. Se estamos vivos é porque existe solo. Não podemos comer solo, porém indiretamente o fazemos, pois nos alimentamos de organismos que crescem e se reproduzem às custas dele.
Todos os seres vivos precisam para sua sobrevivência de alimentos. Os alimentos nos proporcionam elementos essenciais: potássio, nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio, ferro, enxofre são alguns dos elementos fundamentais aos organismos vegetais e animais. Nós, seres humanos, precisamos desses elementos. Pergunta-se: de onde provém esses elementos? Dos alimentos. E de onde os principais alimentos retiram esses elementos? A resposta correta seria do solo. O solo é, portanto, essencial para manutenção da espécie humana. E ele não é indestrutível ! Pelo contrário. O solo demora para nascer, não se reproduz e morre facilmente !
O solo é importantes nas cidades ? Por quê ? Ora, compramos nossos alimentos em supermercados e mercearias, fazemos refeições em restaurantes e lanchonetes. Outras pessoas cultivam o solo e nos fornecem alimentos produzidos nele. Então, porque nós, do ambiente citadino, precisamos do solo? Para ter um jardim ? Para construirmos nossas casas em cima dele? Para termos arborização urbana ? Para não termos enchentes ?O solo não grita, não pede socorro. Sentimos o calvário das enchentes, lastimamos a falta de florestas para abrigar animais, insetos, cobras, lagartos, aves e para nos dar ar puro. Praguejamos contra o excessivo calor nas cidades. Essa é a forma do solo protestar. Muitas vezes já está praticamente morto. O que fazer ? Como reconhecer ?
Existe algum ramo da ciência que se ocupa especificamente do estudar o solo? Sim, também os solos tem seus especialistas. O ramo da ciência que mais direta e freqüentemente estuda os solos denomina-se de Pedologia. O objetivo dessa ciência é o de estudar os solos através caracterização de suas propriedades, seu enquadramento em um sistema de classificação (técnica ou taxonômica), e o seu cadastramento através a confecção de mapas, os quais mostram a distribuição e os limites das várias classes existentes em uma determinada região. Acompanhando o mapa, existe um relatório que contém caracterização morfológica, física e química das unidades de mapeamento além de informações resumidas e generalizadas sob o aspecto agrícola.
Porque estudar o solo ? Uma pequena reminiscência talvez nos ajude a encontrar resposta para essa pergunta. Em épocas passadas o homem passou de mero caçador e extrativista a praticar a agricultura. Porque ocorreu essa mudança ? As hipóteses são inúmeras. Pela distância? Pela escassez em determinadas épocas ? A partir daí passamos a cultivar o solo e as plantas. Nesse momento, inicia-se também uma brutal agressão à natureza. Como? Simplesmente pelo fato de substituirmos a vegetação natural por outras plantas. E o que mais ? Visto que o solo não foi feito para ser cultivado, remexido, arado, é evidente que toda ação do homem altera o equilíbrio conseguido por milhares ou mesmo milhões de anos. Um exemplo simples. Uma área de floresta natural substituída por uma plantação de milho. Na condição natural, as árvores protegem o solo contra insolação e o impacto direto da chuva, e suas raízes fixavam-se impedindo sua erosão. Agora, com a plantação de milho, isso não ocorre, ficando sujeito a toda espécie de mudanças. A medida que o tempo passou, percebeu-se que determinadas maneiras de fazer agricultura prejudicavam menos o solo. Notou-se, ainda, que as boas colheitas, eram diminuídas. Passou-se então a se interessar pelos métodos e formas menos desastrosas de trabalhar o solo, e que propiciavam manutenção ou mesmo aumento das produções de alimentos. O aprendizado, ainda hoje, com toda a tecnologia e conhecimento ainda está no começo. À medida que a população aumentava sentiu-se a necessidade crescente de produzir mais e melhor. O desconhecimento e principalmente, a ganância, foram os motores propulsores da grande degradação dos nossos solos e florestas. Os solos dependem das florestas e estas dependem dos solos. Com os solos depauperados as florestas não se instalam e, pela retirada dessas, o solo se degrada.
Porque estudar o solo? Porque é um recurso fundamental pela influência que exerce nos ambientes e nas sociedades. É a fonte primordial para obtenção de alimentos. É o principal componente do ecossistema terrestre.
A natureza precisa ser respeitada. A vegetação, os animais precisam ser respeitados. Juntamente com o ar e a água, o solo também tem que ser respeitado para que sobrevivamos.
Pergunta-se, se o solo é tão importante, porque a maior parte das pessoas não o consideram como tal ? Porque continua a ser degradado? A resposta é porque para o homem moderno, o solo ainda é um grande desconhecido. Não sabe que é preciso estudá-lo para melhor conhece-lo e para melhor utilizá-lo, de forma a minimizar a sua deterioração. A maior parte das pessoas que utiliza o solo não sabe o que é o solo, e nem procuram saber os conhecimentos que precisam ser adquiridos sobre ele antes de começar a usa-lo. Infelizmente, o solo não faz parte do patrimônio cultural do homem moderno, pela simples razão que o conhecimento do solo nunca lhe foi ensinado corretamente desde sua infância, ao contrário do que se faz com as rochas, as plantas e os animais, o ar e a água. O seu estudo deveria ser iniciado na escola primária onde aprenderíamos ama-lo, respeitá-lo e protege-lo.
Fonte: Valmiqui Costa Lima.
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