Este gráfico mostra a temperatura do meio intergaláctico quando o Universo tinha entre um e três bilhões de anos, sobreposta com uma impressão artística do surgimento das galáxias. A região sombreada mostra a faixa de possíveis temperaturas, medidas pela equipe.[Imagem: Amanda Smith / IoA]
Aquecimento cósmico
Uma equipe de astrônomos encontrou indícios de que o Universo pode ter passado por uma tendência de aquecimento no início de sua história.
Eles mediram a temperatura do gás que se encontra entre as galáxias e encontraram uma indicação clara de que sua temperatura aumentou de forma constante durante o período entre um décimo e um quarto de sua idade atual.
Essa mudança climática cósmica foi provavelmente causada pela gigantesca quantidade de energia gerada pelas jovens galáxias, muito ativas durante essa época.
"No início da história do Universo, a grande maioria da matéria não estava em estrelas ou galáxias," explica o astrônomo George Becker, da Universidade de Cambridge. "Ao contrário, ela estava espalhada na forma de um gás muito fino que preenchia todo o espaço."
Registro fóssil do clima cósmico
A equipe liderada por Becker foi capaz de medir a temperatura desse gás utilizando a luz de objetos distantes, chamadas quasares.
"O gás, que fica entre nós e o quasar, acrescenta uma série de marcas à luz desses objetos extremamente brilhantes," explica Becker."Analisando como essas impressões bloqueiam parcialmente a luz dos quasares podemos inferir muitas das propriedades do gás absorvente, tais como onde ele está, do que é feito e qual é a sua temperatura."
A luz do quasar que os astrônomos estudaram tem mais de dez bilhões de anos de idade no momento em que chega à Terra, tendo viajado através de vastas áreas do universo. Cada nuvem de gás intergaláctica que a luz atravessou durante essa jornada deixou sua própria marca, e o efeito acumulado pode ser usado como um registro fóssil da temperatura no início do universo.
"Assim como o clima da Terra pode ser estudado através de núcleos de gelo e anéis de árvores," explica Becker, "a luz dos quasares contém um registro da história do clima do cosmos."
É claro que há grandes diferenças de magnitude nessas medições de temperatura. "Um bilhão de anos após o Big Bang, o gás que medimos tinha uma temperatura bem 'fria' de 8.000 graus Celsius. Três e meio bilhões de anos mais tarde a temperatura havia subido para pelo menos 12.000 graus Celsius," diz o astrônomo.
Padrão do clima cósmico
A tendência de aquecimento contraria o "padrão normal" atribuído ao clima cósmico. Segundo as teorias atuais, o Universo deveria esfriar ao longo do tempo. À medida que o cosmos se expande, o gás deve ficar mais frio, como o gás que escapa de uma lata de aerossol.
"Os prováveis culpados desse aquecimento intergaláctico são os próprios quasares," explica Martin Haehnelt, coautor do estudo. "Durante o período da história cósmica estudada pela equipe, os quasares estavam se tornando muito mais comuns. Esses objetos, que se acredita serem buracos negros gigantes engolindo matéria no centro das galáxias, emitem enormes quantidades de luz ultravioleta de alta energia. Esses raios UV teriam interagido com o gás intergaláctico, criando o aumento da temperatura que observamos."
Bibliografia:
Detection of Extended He II Reionization in the Temperature Evolution of the Intergalactic Medium
G. D. Becker, J. S. Bolton, G. M. Haehnelt, W. L. W. Sargent
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
November 2010
Vol.: In Press
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