5/5/2009
Por Paulo Renato Torres Soares*
A independência de um país, tem na vertente da energia, parâmetro fundamental para ser realmente efetivada. O Brasil, há pouco tempo, teve o fornecimento de gás natural da Bolívia, repentinamente suspenso. As consequências se fizeram sentir de forma imediata, comprovando a dependência do país, da importação desta fonte de energia, não renovável, para o nosso desenvolvimento. Esta situação, poderia não ter ocorrido ou pelo menos, bastante minimizada, se nossa matriz energética, fosse mais diversificada. Matriz energética é por definição: o mosaico das diferentes formas de geração de energia produzidas por um país, objetivando sua autosustentação. O Brasil, apesar de possuir, uma insolação anual intensa, e também uma costa com grande potencial de ventos, está muito longe de chegar aos dois dígitos, quando consideramos as energias renováveis solar e eólica. As duas juntas, não chegam a 2%, da matriz energética brasileira.
Como explicar este fato ?
Avaliamos, considerando os quatro ”gargalos”, para um tipo de energia ser incorporado de maneira representativa na matriz energética de um país:
1-técnico: com relação a parte técnica, a engenharia e a ciência nacionais, são perfeitamente capazes de responder pelo incremento, cada vez maior, das energias solar e eólica no painel energético brasileiro.
2-econômico: os financiamentos e incentivos, para o real desenvolvimento destas energias, ainda são , na atualidade, muito pouco atraentes no Brasil, podendo ser citado o PROINFA, para a energia eólica, porém omisso em relação à solar.
3-político: é importante o incentivo da legislação brasileira, objetivando a necessidade do aumento do emprego destas energias renováveis. Podemos citar, entre outros, porém recente e aquém do necessário, as cidades solares, os municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Niterói , possuidores de projetos e leis relativas a energia solar. Destacamos , em escala federal, a lei de autoria do senador Renato Casagrande, para a implantação de 1 milhão da casas utilizando energia solar.
4-mídia: é fundamental a sua participação, visando a conscientização da viabilidade de inundarmos o Brasil com energia solar e eólica e, não, escamotearmos a verdade, como é feito há anos, pela mídia oficial, não permitindo a disseminação em nosso país, destas energias.
Neste primeiro encontro, comentando as energias solar e eólica, gostaria de salientar dois fatos mentirosos contrários à sua implantação:
1-as energias solar e eólica são caras: considero esta uma inverdade, transformada em fato, por quem não reflete e só repete informações.
Justifico: comprei em 1986, uma máquina de calcular, à energia solar, para quatro operações, sem ter tido mais nenhum gasto com ela, até hoje. Imaginemos se tivesse adquirido uma `a pilha ou bateria, o quanto teria custado e principalmente, quanto resíduo teria sido gerado e de difícil descarte. Será que em função destes gastos, já não teria me desfeito dela ?
Análise técnica: o custo inicial foi mais caro, porém durante a vida útil, o equipamento tornou-se mais barato, em termos financeiros e ecológicos.
2-estas energias não tem escala de produção: isto é também inverdade, pois para uma forma de energia ganhar escala , é necessário a existência de incentivos e o apoio de uma política séria, para a sua disseminação.
Análise técnica: a citada lei de implantação de 1 milhão de casas, utilizando energia solar, demonstrará esta situação fictícia de falta de escala, pois se hoje tivermos 1 milhão de casas, amanhã poderemos ter: dois, três...trinta milhões, bastando para isso tornar-se política de governo.
Saliento três resultantes importantíssimas das energias solar e eólica sendo realmente desenvolvidas em nosso país:
1-grande geração de empregos, em todos os níveis, desde engenheiros, técnicos e demais operários.
2-trata-se de uma atividade com resultados ambientalmente corretos, com uma tecnologia de ponta e não “lixos industriais”, impingidos pelas grandes potências, a países em desenvolvimento.
3-ao implantarmos sistemas solares e eólicos, não pagaremos mais as contas mensais de energia, cobradas pelas companhias de eletricidade, com aumentos cada vez mais frequentes e significativos.
Concluindo: é fundamental aumentarmos, a participação das energias solar e eólica na matriz energética nacional, para sermos de fato independentes e não um país à mercê da vontade e do arrogo de governantes de qualquer nação do planeta.
Gostaria de, ao terminar, salientar o apoio do Dr. Luis Firmino, Presidente do INEA, da Secretaria do Estado do Ambiente e do Governo do Estado, no sentido de disseminarmos as energias solar e eólica, no Estado do Rio de Janeiro.
Ficamos por aqui neste primeiro encontro. Agradeço às opiniões, a serem enviadas pelo e-mail:paulorents@globo.com
* Engenheiro do INEA (Instituto Estadual do Ambiente), Engenheiro Químico – UFF - Pós Graduação: Engenheiro Ambiental e Sanitarista – UERJ. Coordenou o Seminário: Soluções Para A Implantação Em Escala Comercial das Energias Solar e Eólica, uma promoção conjunta do INEA,CEPER/UERJ e CLUBE DE ENGENHARIA, realizado nos dias 27 e 28 de abril, no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro (RJ).
quarta-feira, 27 de maio de 2009
As Energias Solar e Eólica e a Independência Energética do Brasil
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